O comediante Fábio Porchat enfrentou uma onda de críticas nas redes sociais após expressar sua opinião sobre uma decisão judicial que determinou a remoção de um show de stand-up do colega comediante Léo Lins do YouTube. A decisão foi baseada no entendimento de que o conteúdo era considerado “depreciativo ou humilhante”.
Porchat utilizou o Twitter para expressar sua indignação, chamando a decisão de vergonhosa e inaceitável. No entanto, suas declarações receberam críticas de diferentes grupos, tanto da esquerda quanto da direita. Alguns o acusaram de apoiar o “politicamente correto” e o lembraram de seu apoio ao presidente Lula, sugerindo que ele “fizesse o L” em referência a essa posição política. Outros argumentaram que é incoerente ser antirracista e ao mesmo tempo defender conteúdos racistas, como o show de humor de Léo Lins.
Porchat defendeu o direito de Léo Lins fazer piadas sobre qualquer assunto, inclusive minorias. Ele enfatizou que o desagrado com uma piada não dá a alguém o direito de proibi-la de existir, e que impedir um comediante de criar uma piada é uma loucura. Porchat argumentou que, mesmo que alguém não goste de um comediante ou despreze suas opiniões, ele tem o direito de expressá-las e de ofender, e que não há uma forma “benéfica” de censura. Ele ironicamente afirmou que se todas as pessoas que se ofenderem com uma piada decidirem retirá-la do ar, não sobrará nenhuma piada sobre Joãozinho, papagaios ou argentinos.
O show de Léo Lins intitulado “Perturbador” continha piadas sobre escravidão, perseguição religiosa, idosos e pessoas com deficiência. Uma das piadas fazia referência às reclamações sobre a falta de empregos para negros, ironizando que “na época da escravidão eles já nasciam empregados e também achavam ruim”.
O pedido para a remoção do programa do YouTube foi feito pelo Ministério Público de São Paulo (MP). O show foi realizado em Curitiba, com cerca de 4 mil pessoas na plateia.
A decisão judicial determinou que Léo Lins não deve transmitir “conteúdo depreciativo ou humilhante” relacionado a raça, cor, etnia, religião, cultura, origem, procedência nacional ou regional, orientação sexual ou de gênero, condição de pessoa com deficiência ou idosa, crianças, adolescentes, mulheres ou qualquer categoria considerada minoria ou vulnerável.
Além disso, o comediante foi proibido de deixar a capital paulista sem autorização da Justiça e deverá comparecer mensalmente ao tribunal para justificar suas atividades. A defesa de Léo Lins repudiou a decisão e pretende recorrer, alegando que ela configura censura prévia, o que é proibido pela Constituição.